Recuperação econômica do Brasil deve acontecer somente no segundo semestre de 2017

Para o professor da FGV, Andriei Beber, ainda há pessimismo quanto à velocidade e força da recuperação da atividade econômica

Incertezas no campo político, alto desemprego, inflação e enfraquecimento do PIB têm gerado dúvidas  sobre o rumo da economia brasileira
“Diante das incertezas no campo político, a perspectiva de melhoria no cenário econômico de 2017 está se deteriorando rapidamente”. A afirmação é do professor da FGV e palestrante nas áreas de Finanças, Gestão e Governança, Andriei Beber. De acordo com ele, o fato pode ser observado pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que tem por objetivo antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do País e é um parâmetro para medir a evolução da atividade econômica brasileira. “O mercado tem identificado fortes evidências de que a recuperação econômica deve ficar somente para o segundo semestre do próximo ano”, opina Beber.
De acordo com o professor, do lado positivo, o ritmo de desinflação nas suas projeções pode se intensificar caso a recuperação da atividade econômica seja mais lenta do que a antecipada. Do lado dos riscos negativos, para o PIB baixar ainda mais a inflação, depende de um ambiente externo propício.
O BC aponta que as projeções de inflação apuradas pelo relatório Focus - que reúne as projeções dos principais economistas do mercado - recuaram para 4,9% para 2017 e mantiveram-se em 4,5% para 2018. As cobranças são para que o BC use os juros para tirar o País da recessão e reanimar a economia.
Indústria em queda
A atividade do setor industrial brasileiro segue em queda. A recessão econômica do Brasil continuou a pressionar o desempenho do setor industrial, com queda da demanda, redução do volume de produção, da compra de insumos e do número de funcionários. Os estoques de pré-produção e de produtos finais também diminuíram. Analistas projetam que a indústria deve ter uma recuperação modesta somente em 2017.
A indústria automobilística também esperava uma recuperação econômica mais rápida. Para representantes das fábricas, a esperança de juros mais baixos só virá com a aprovação de medidas importantes.
Possibilidades econômicas
O PIB do terceiro trimestre foi o pior do ano, com queda de 1%. Como os dados não mostram mudança de cenário, parte dos analistas começa a avaliar que a atividade pode crescer menos de 1% no ano que vem. Em fevereiro de 2013, o Boletim Focus previa crescimento do PIB de quase 4% ao ano para 2014, 2015 e 2016. Após o crescimento de 0,5% em 2014, a economia do país caminha para o segundo ano consecutivo de retração de quase 4%.
“As fábricas estão ociosas. Empresas são forçadas a ajustar seus balanços diante das perspectivas de queda da demanda e do salto do serviço da dívida. Para cada uma delas era racional dispensar trabalhadores. Para cada banco, era recomendável subir o custo do crédito e racionar a oferta de novos empréstimos. Consumidores reduzem os gastos. Uns estão desempregados e outros com medo do desemprego. O comércio não vende e reduz as encomendas aos fornecedores, que acumulam estoques e cortam ainda mais a produção. As demissões disparam. A arrecadação cai, decorrente do declínio da atividade econômica. E a dívida pública cresce sob o impacto dos juros reais”, aponta Beber.
Recuperação da economia
“Ainda há pessimismo quanto à velocidade e força da recuperação da atividade econômica”, observa Beber. Embora a melhora da confiança de consumidores e empresários favoreça o aumento do consumo e do investimento, essa é apenas uma condição necessária, mas não suficiente. Para o professor, na atual situação, a expansão da demanda do setor privado se encontra limitada, principalmente pelo excesso de endividamento das pessoas físicas e jurídicas.
Por outro lado, a demanda externa, que teoricamente também poderia ser um caminho de recuperação do PIB, encontra restrições, seja no próprio baixo grau de abertura da economia brasileira, ou na atual fraqueza dos principais mercados internacionais.
“A vitória de Donald Trump na presidência dos EUA trouxe incertezas ao mercado internacional e local, mas não abalou a expectativa dos economistas com a extensão do ciclo de alívio monetário em curso no Brasil”, analisa Beber. Segundo analistas, a Selic mais alta projetada para dezembro de 2017 é 13%. O aumento da incerteza com relação à política econômica a ser adotada nos EUA deve levar o Copom a ser mais cauteloso no curto prazo.

Fonte: Mariene Maluli
Presse Comunicação Empresarial

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