Brasil: Rumo aos 5 milhões de automóveis/ano e 5º maior produtor mundial
Esta é a projeção, de curto prazo, feita pelo setor de logística, que espera lucrar com a busca por eficiência na indústria automobilística. Novo recorde de produção anunciado hoje reforça a expectativa
Hoje a ANFAVEA anunciou mais um recorde de produção da indústria automobilística. Nos dez primeiros meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2009, houve aumento de 15,3% atingindo o número de 3,043 milhões de unidades montadas.
Apesar da crise de 2008 que acertou em cheio as montadoras ao redor do mundo, principalmente nos EUA, a indústria automobilística brasileira demonstrou vitalidade, atravessou a tormenta sem problemas graves e, a partir de uma análise das circunstâncias, pode, agora, se planejar para se tornar uma das maiores produtoras do mundo. E considerando a relevância desse setor para a economia (19,8% do PIB em 2009), empresas de vários outros segmentos devem se preparar para aproveitar os reflexos positivos em seus mercados.
Este é o caso do setor de logística. “A indústria automobilística está operando perto do limite e, neste momento, mais que crescer, ela precisa ganhar eficiência com planejamentos logísticos mais elaborados”, avalia Antonio Wrobleski Filho, sócio da AWRO Participações e Logística e especialista em logística e transporte.
Segundo ele, é necessária uma análise detalhada de toda a produção e a identificação de eventuais melhorias nas diversas etapas. “Neste processo, a movimentação e a armazenagem de peças e produtos, além das questões fiscais peculiares do Brasil, concentra a maior parte dos custos e perda de produtividade. Conseqüentemente é onde mais se pode ganhar eficiência. Ou seja, a solução é investimento em inteligência logística”, explica.
Wrobleski está convencido de que a maior parte dos investimentos da indústria automobilística será direcionada para essa área. E, segundo ele, não vai ser pouco. “Vamos entrar agora em um novo ciclo de investimentos como o que assistimos no início dos anos 90. Entre 1993 (US$ 960 mi) e 1995 (US$ 1,8 bi) eles dobraram. Em 2008 o total foi de US$ 3,1 bi e, apesar de ter ocorrido uma queda para US$ 2,7 bi em 2009 por conta da crise, com a recuperação podemos esperar algo em torno de US$ 6 bi até 2013”, projeta o especialista.
Essas previsões não se devem ao otimismo, mas aos fatos, garante Wrobleski. “Existe ainda muito potencial a ser explorado. No Brasil temos uma relação de 6,9 habitantes por veículo. Nos EUA é de 1,2, Polônia 2,0, México 4,0 e Argentina 4,7”, compara. Ele lembra que o México, em 1999, tinha um coeficiente semelhante ao brasileiro (6,8) e baixou essa referência para 4,0 em 2008.
“Se tivéssemos a mesma relação que o México, por exemplo, nossa frota subiria de 27,4 mi para 47,5 mi. É um salto extraordinário considerando que nos últimos 10 anos o número de veículos no Brasil aumentou em apenas em 9 milhões de unidades e todos concordam que foi um período excelente”, compara.
Wrobleski acredita que esse crescimento será sustentado pelo novo perfil do consumidor brasileiro, que confia na economia e aprendeu a conviver em um ambiente em que tem crédito à disposição. “Tenho certeza que a marca de 5 milhões de veículos/ano é perfeitamente factível em curto prazo e as montadoras estão se preparando para isso buscando mais eficiência”, diz. Esse número pode levar o Brasil ao quinto lugar como maior produtor de veículos do mundo, atrás apenas de China (13,7 mi), Japão (7,9 mi), EUA (5,7 mi) e Alemanha (5,2 mi).
Agora, avalia, é o momento de os operadores logísticos tomarem a iniciativa e apresentarem soluções inovadoras para as montadoras. “Será necessário desenvolver planejamentos exclusivos, considerando as particularidades de cada operação e até a cultura da montadora, que é diferente dependendo da origem européia, americana ou asiática”, explica.
Além deste planejamento mais elaborado, para atender adequadamente às demandas os operadores logísticos também terão que apresentar poder de investimento. “Serão implantadas operações de grande porte, que poucas empresas têm recursos para suportar”, diz. Ele vê nas fusões e aquisições uma reposta para mais operadores se habilitarem para a tarefa. “Esses movimentos já estavam se intensificando nos últimos anos por conta de um processo natural do setor. O novo cenário do setor automobilístico, no entanto, está atraindo ainda mais os investidores e isso deve acelerar a consolidação no setor de logística como ocorreu com a construção civil, por exemplo,” finaliza Wrobleski.
Fonte: Assessoria de Imprensa
Natalia KfouriVanessa Costa
Vinicius Antunes
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